domingo, 20 de dezembro de 2009

Recursos estilísticos - Nível fónico (= dos sons)


Dentro do nível fónico podemos considerar recursos estilísticos que não são propriamente figuras de estilo, como é o caso da rima e da onomatopeia.
Aliteração - processo que consiste na repetição intencional dos mesmos sons consonânticos: "Brandas, as brisas brincam nas flâmulas..." - Fernando Pessoa
Assonância - Processo que consiste na repetição intencional dos mesmos sons vocálicos: "E o surdo ruído lúgrube aumentara..." - Teixeira de Pascoaes
Rima - Processo que consiste na repetição de sons em lugares determinados dos versos: "Falam por mim os plátanos da rua: / Deixam cair as folhas amarelas / e ficam hirtos na friagem nua / como mastros sem velas." - Miguel Torga
Onomatopeia - consiste na imitação da voz (pessoa ou animal) ou do ruído de um objecto. (Tic-tac, a expressar o som de um relógio)

Calendarização da rotina "Agora falo eu" - 2º período


12 Janeiro - Cláudia Duarte
15 Janeiro - Ruben Cavaco
19 Janeiro - Marco Lourenço
22 Janeiro - Andreia Lourenço
26 Janeiro - Cristiana Louro
29 Janeiro - João Silvestre
2 Fevereiro - Kerolyne Arruda
5 Fevereiro - Flavius Ardelean
12 Fevereiro - Roselyne Lougnon
19 Fevereiro - Ricardo Ramos
23 Fevereiro - Alexey Vatutin
26 Fevereiro - Anastasia Smith Novo
2 Março - Bryan Gouveia
5 Março - Lincoln Carvalho
9 Março - Neide Conduto
12 Março - Yassine Boutahar
16 Março - Olesya Lychuk

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Mensagem de Natal


NATAL DE QUEM?
Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.
- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!
- Está bem, eu sei!
- E as garrafas de vinho?
- Já vão a caminho!
- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?
- Não sei, não sei...
Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:
- Então e Eu, Toda a gente Me esqueceu?
Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!
Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.
E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive tecto nem afecto!
Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:
- Foi este o Natal de Jesus?!!!

(João Coelho dos Santos

in Lágrima do Mar - 1996)

O meu mais belo poema de Natal

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Testes intermédios

Os testes intermédios de Língua Portuguesa realizar-se-ão no dia 28 Janeiro. Embora seja uma questão a trabalhar em aula, poderão recolher informação em http://www.gave.min-edu.pt/
Bom trabalho!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Finalistas da EB2,3 Dr Francisco Cabrita em Lisboa

Um dia muito agradável... um momento de aprendizagem prazenteiro... Estão todos de parabéns pelo comportamento exemplar e por ajudarem a consolidar o bom nome da nossa escola.
A todos, obrigada!


Aqui ficam algumas fotos (as que nos foram permitidas registar) para recordarem o momento com carinho.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Visita de Estudo 27 Novembro - Museu Berardo e Auto da Barca do Inferno

Programa da visita: - 07.00 horas, partida da escola                                 Período da manhã - visita guiada ao Museu Berardo
                                12.30h - levantamento dos bilhetes na Companhia de teatro O Sonho
                                13.00h - Peça de teatrro Auto da Barca do Inferno
                                14.30h - almoço
                                15.30h - regresso à escola

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Na pele do Diabo, a justiceira Olesya Lychuk conseguiu angariar mais uma personagem para a sua Barca. O destino do Frade foi pior do que se previa, já que Olesya não o poupou aos piores tormentos! Fez-se justiça nas mãos deste diabrete rezingão!
Num momento dançante, o Frade com a sua Florença. O Parvo Joane (Cláudia Duarte), sempre a fazer das suas, desculpabilizado pela ignorância e loucura que minimizam os seus pecados.  O grupo agradece a gentil colaboração da colega Andreia Lourenço que prontamente se deixou conduzir pela sensual dança do nosso Frade.

Um frade muito bem disposto e dado aos prazeres Mundanos... assim foi o nosso Bryan numa brilhante interpretação que proporcionou ao nono D um momento hilariante de aprendizagem! O sorriso só desapareceu na altura de entrar na Barca do Diabo. Em representação do clero do século XVI, Bryan Gouveia.
Muda-se a cena, invertem-se os papéis... desta feita a Alcoviteira pagará por todos os seus pecados, entregue a um Diabo de ar simpático, mas não menos castigador... Cláudia Duarte e Olesya Lychuk fizeram-nos viver minutos infernais através do seu brilhante desempenho! Gil Vicente, se pudesse colocar mulheres em palco, levá-las-ia, certamente, para uma representação na corte de Dona Leonor... Aplausos para estas meninas que dignificaram o bom nome do Teatro!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

PPT Cena do Frade

O documento PPT do grupo da Olesya, Cláudia e Bryan já se encontra disponível na página da turma. Apesar de não estar completo, toda a informação disponibilizada no documento está correcta, pelo que é um bom material para utilizar em situação de estudo individual.  O documento referente à vida e obra de Gil Vicente pertence ao mesmo grupo. Muitos parabéns à Olesya, à Cláudia e ao Bryan por todo o empenho!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A importância da minha sombra

Uma sombra é como um reflexo de nós mesmos, uma silhueta que nos segue para qualquer sítio... Perdê-la seria como perder um amigo que nunca me deixa só... como perder uma parte de mim.
A sombra não é algo a que se dê muita atenção. Como está connosco desde o início da nossa vida, ninguém pensa na possibilidade de ela nos abandonar. Como o ditado diz, "Só nos apercebemos da verdadeira importância das coisas quando as perdemos".
Cristiana Louro

sábado, 31 de outubro de 2009

Trabalhos de Grupo Auto da Barca do Inferno

Parabéns ao Ricardo e à Roselyne pelo trabalho concretizado!
Com o vosso empenho a nossa página começa a ganhar vida... e ser professor continua a fazer sentido! Obrigada aos dois e a toda a turma!
Delfina Vernuccio

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Judeu

Cena do Judeu
1. Percurso cénico: O Judeu tenta entrar na Barca do Inferno mas não consegue. O Diabo acaba por permitir que se desloque a reboque na Barca do Inferno.
2. Símbolos cénicos e seu simbolismo: Bode – salvação dos pecados, purificação, o que explica o apego do Judeu ao seu símbolo, mesmo depois da morte. (Símbolo da religião judaica).
3. Caracterização directa e indirecta da personagem-tipo: ladrão, má pessoa, avarento, indecoroso e profano.
4. Argumentos de defesa e argumentos de acusação:
De acusação do Diabo e do Parvo:
- Violação de sepulturas cristãs;
- Consumo de carne em dias de jejum.

Argumentos de defesa:
- Não tem argumentos de defesa pois como é judeu não crê na religião católica e não acredita que possa ter salvação.
5. Tipo(s) de cómico usado(s):
Linguagem- à utiliza o registo de língua popular nos insultos ao parvo e ao Diabo


.. Situação - aparece com o bode às costas e termina a reboque da Barca do Inferno (didascália de entrada: “com um bode às costas; e, chegando ao batel dos danados, …”)

6. Registo de língua usado pela personagem-tipo: Calão - Pragas que roga ao Diabo

Os quatro Cavaleiros

CENA DOS QUATRO CAVALEIROS
1.Percurso cénico: Cais - Barca da Glória.
2. Símbolos cénicos e seu simbolismo: Cruz de Cristo que simboliza a fé católica dos cavaleiros, as espadas e os escudos, que simbolizam a apologia da Reconquista e da Expansão da Fé Cristã
3. Costumes (“mores”) censurados por Gil Vicente: os prazeres e os pecados.
4. Levantamento das várias expressões que os quatro Cavaleiros usam para se referirem à Barca da Glória: “barca segura” , “barca bem guarnecida” , “barca da vida” e “barca mui nobrecida”).
5. Auto de Moralidade:Na cantiga cantada pelos quatro Cavaleiros está condensada a moralidade da peça, reflexo da ideia que a Igreja tinha sobre a vida e o mundo. Gil Vicente pretende transmitir que quem faz o bem na Terra e espalhou a fé cristã é recompensado no Céu e quem acredita em Deus, quando morrer terá uma “vida” calma e tranquila.. Gil Vicente, ao criticar os costumes, hábitos e vícios da sociedade, queria transmitir uma moral a toda a sociedade; pretendia que toda a sociedade, ao ver a peça, se risse, mas ,em simultâneo, criticava os '' podres '' da sociedade daquele tempo.
A moralidade está condensada nos seguintes versos: “Vigiai – vos, pescadores, que depois da sepultura neste rio está a ventura de prazeres ou dolores. Gil Vicente com estes versos, pretendia transmitir que depois da '' vida terrestre '', cada pessoa era recompensada ou '' amaldiçoada '' conforme a sua vida na terra.
6. Caracterização das personagens: Ao contrário do que acontece com as outras personagens, nada nos é dito sobre a sua vida ou morte, a não ser “morremos nas Partes de Além[…] pelejando por Cristo” .

terça-feira, 27 de outubro de 2009

À sombra de Olesya...

A minha sombra fazia parte de mim... acompanhava-me durante os dias de sol, mas à noite desaparecia, evaporava, perdia-se no negro da noite...e de manhã voltava para viver mais um dia ao meu lado.

Durante o Inverno adoeci. Não pude ir à escola, saír à rua, brincar na neve. Limitava-me a ficar na cama desde o momento em que acordava até voltar a adormecer. Foi assim durante duas semanas. Quando recuperei e voltei à vida normal, senti algo diferente... uma estranheza invadia-me o corpo, um vazio perseguia-me... não sabia o que era, até que um dia em que as nuvens deram lugar ao sol descobri! Descobri a razão do vazio... era a minha sombra! Ela já não estava à minha direita, nem à minha esquerda, nem à minha frente, nem atrás de mim, dependendo da posição do sol. Será que se tinha cansado de estar à minha espera ou ter-se-ia perdido no infinito da minha gripe? Ou talvez ainda estivesse a recuperar, também ela, da doença.

Esperei... o Inverno passou , depois a Primavera e, chegado o Verão, a sombra não aparecia. Foi aí que cheguei à conclusão de que as sombras são traiçoeiras... Não suportam ficar à espera. Mas então e eu? Eu, que esperara por ela a noite toda? É injusto!

As sombras desaparecem, vão procurar outro alguém para acompanhar, encarnar a nova forma, imitar os novos movimentos... Perdi a minha sombra e não a perdoarei, mas ficarei à espera que outra sombra me encontre e me acompanhe...



Olesya Lychuk, a propósito do livro O Homem sem Sombra

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Enforcado

Cena do Enforcado
1-Percurso cénico: o enforcado dirige-se à Barca do Inferno, onde embarca.

2-Símbolos cénicos e o seu simbolismo: O único símbolo cénico é o baraço (ou corda), que simboliza o pecado.
3-Caracterização directa da personagem: - “ Bem-aventurado”.

Caracterização indirecta da personagem: -ingénuo,confiante na palavra dos outros,facilmente influenciável.

4-Argumentos de defesa:Confiança na palavra de Garcia Moniz, purgatório era o Limoeiro,baraço era santo,orações feitas no momento de execução
Argumentos de acusação:Ladrão

5-Os costumes (“mores”) censurados por Gil Vicente: Os costumes censurados são o engano dos mais fracos por pessoas com responsabilidade (Garcia Gil, Mestre da Balança da Moeda de Lisboa); a doutrina, ou seja, o sistema.
6-A intenção critica de Gil Vicente: ao escolher esta personagem Gil Vicente foi denunciar as falsas doutrinas que invertem os valores da conduta social.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Sapateiro




1. Percurso cénico: Cais - Barca do Inferno - Barca da Glória- Barca do Inferno (embarque)


2. Símbolos cénicos e seu simbolismo:Avantal e formas: símbolos da sua profissão , portanto, da classe artesã e dos pecados que carrega consigo.


3. Caracterização directa e indirecta da personagem-tipo: Caracterização directa: aldrabão, ladrão, desonesto, malcriado/indecoroso.

Caracterização indirecta: pecador, excomungado, autoconfiante , explorador
4. Argumentos de defesa e argumentos de acusação: Argumentos de defesa do Sapateiro:. Ia à missa,adorava os santos e levava-lhes oferendas,morreu confessado e comungado

Argumentos de acusação do Diabo:Explorou o povo com o seu trabalho, roubou o povo durante 30 anos,ia à missa e logo a seguir ia roubar, ou seja, praticava a religião de forma incorrecta, morreu excomungado, calou 2 mil enganos.

Argumentos de acusação do Anjo: Não viveu direito nem honestamente, roubou o seu povo, a cárrega embaraça-o, ou seja, o pecado impediu-o de se salvar.
5. Tipo(s) de cómico usado(s): Cómico de linguagem: "...quatro formigas cagadas que podem bem ir i chantadas."
6. Registo de língua usado pela personagem-tipo: O registo de língua usado é o calão: "...e da puta da barcagem.", "...nem à puta da badana..

O Frade

1. Percurso cénico: - Cais à Barca do Inferno à Barca da Glória à Barca do Inferno à Embarque



2. Símbolos cénicos e seu simbolismo: Amante (Florença) -Infidelidade a Deus, “mulher do padre”;Espada, escudo, casco – Guerra; Cruz – Religião e fé.


3. Caracterização directa e indirecta da personagem-tipo:

Caracterização Directa - O Frade auto-caracteriza-se como “cortesão” , ou seja, alguém que está familiarizado com os hábitos da corte. Mais tarde, assume-se como “namorado” e “dado a virtude” que tem “tanto salmo rezado”.

Assim, desde logo esta personagem assume, de forma directa, uma vida dupla como frade, que usa hábito e reza orações e que também é da corte, que namora, canta, esgrima e toca viola.

Caracterização Indirecta - As suas atitudes, também certificam que é um padre pecador, que levava uma vida boémia, em vez de se dedicar afincadamente ao serviço que prestava a Deus e em auxílio de quem precisasse.

Mostra que é obstinado quando se nega a entrar na Barca do Inferno, convencido de que as suas rezas e o simples hábito de Frade lhe garantirão um outro destino. Do mesmo modo, também não aceita que Florença entre nessa barca, o que pode denunciar que o Frade não estava ainda consciente de ter vivido uma vida de pecado.


4. Argumentos de defesa e argumentos de acusação: Argumentos de acusação – Ser mundano e não cumprir os votos de castidade e de pobreza; Argumentos de defesa - O seu estatuto (Frade) e o facto de ter rezado muito na sua vida.


5. Tipo(s) de cómico usado(s): Cómico de linguagem - “Devoto padre marido”;

Cómico de situação - a entrada do frade em cena com a moça pela mão;Cómico de carácter - pensava que a relação proibida com a moça seria perdoada pelas suas muitas rezas.


6.. Intencionalidade do nome dado por Gil Vicente à companheira do Frade:

A intencionalidade do nome dado por Gil Vicente à companheira do Frade (Florença), é que Florença representa uma cidade italiana considerada o berço do Renascimento; além disso essa cidade foi governada pela família Médici, protectora dos judeus, iniciando uma longa relação da família com a comunidade judaica, que se tornaria comprometedora com a inquisição.


7. .Exemplos de ironia: “ Gentil padre mundanal, / a Berzabu vos encomendo.”;“ Devoto padre marido, / havês de ser cá pingado.; O padre Frei capacete! / cuidei que tínheis barrete!”

Recursos estilísticos

A pedido de alguns alunos, uma vez que o manual de nono ano não contempla esta informação, aqui vão alguns dos recursos estilísticos mais utilizados no Auto da Barca do Inferno. Continuação de bom trabalho!


Antítese- consiste no constraste entre dois elementos ou ideias.

Exs do Auto da Barca do Inferno:

- “Anjo- achar-vos-ês tanto menos

Quanto mais fostes fumoso”  Cena do Fidalgo

- “Sapateiro- (...) comungado

Diabo- E tu morreste excomungado”  Cena do Fidalgo



Comparação- consiste em confrontar duas realidades distintas para realçar analogias ou diferenças.



Metáfora- consiste numa espécie de comparação à qual falta o primeiro termo e a partícula comparativa. Muda-se a significação por semelhante.



Ironia- consiste em atribuir às palavras um significado diferente daquele que na realidade têm, sugerindo, em geral, o contrário do que se quer, de facto, dizer.

Exs do Auto da Barca do Inferno:

- “Diabo- Ó poderoso dom Anrique,

Cá vinde vós? Que cousa é esta?”  Cena do Fidalgo

- “Diabo- Quem reze por ti?

Hi hi hi hi hi hi hi hi hi”  Cena do Fidalgo

- “Diabo- Embarqu’a a vossa doçura”  Cena do Fidalgo

- “Diabo- Santo sapateiro honrado”  Cena do Sapateiro

- “Diabo- Fezeste bem, que é fermosa”  Cena do Frade

- “Diabo- Devoto (fiel) padre marido....”  Cena do Frade

- “Diabo- Oh amador de perdiz

Gentil cárrega trazês!”  Cena do Corregedor e do Procurador



Eufemismo- consiste no uso de uma expressão por outra, para evitar ou atenuar uma realidade desagradável

Exs do Auto da Barca do Inferno:

- “Fidalgo- (...) parti táo sem aviso....” (morreu)  Cena do Fidalgo

- “Diabo- Pera a infernal comarca.” (Inferno)  Cena do Onzeneiro

- “Diabo- Pera o lago dos danados”  Cena do Sapateiro

- “Diabo- Pera aquele fogo ardente....”  Cena do Frade



Hipérbole- consiste no recurso ao exagero, a fim de dar ênfase ao pensamento.

Exs do Auto da Barca do Inferno:

- “Fidalgo- Como pod’ rá isso ser,

Que m’ escrevia mil dias?”  Cena do Fidalgo

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Alcoviteira

1. Percurso cénico: Cais→barca do inferno→barca da glória→barca do inferno(embarque)

2. Símbolos cénicos e seu simbolismo: Os símbolos cénicos da alcoviteira são: seiscentos virgos postiços, três arcas de feitiços, três almários de mentir, cinco cofres de enleos, alguns furtos alheos, jóias de vestir, guarda-roupa d’encobrir, casa movediça um estrato de cortiça com dous coxins d’encobrir e as moças que vendia . Estes símbolos cénicos representam a sua actividade ligada à prostituição e o seu carácter manhoso, enganador. Representam ainda os roubos que fazia.
3. Caracterização directa e indirecta da personagem-tipo:  A caracterização da Alcoviteira é sobretudo indirecta. Brísida era mentirosa (“três almários de mentir”), mexeriqueira(“cinco cofres de enleos”), ladra(“alguns frutos alheos”), cínica(“trago eu muita bofé”), convencida(“e eu vou pera o paraíso”),enganadora(“barqueiro mano meus olhos”).


4. Argumentos de defesa e argumentos de acusação: Argumentos de defesa – levava bofé; era uma mártir; levou açoites; servia a Sé; era perfeita como os apóstolos e anjos e fez coisas muito divinas; salvou todas as suas meninas . Argumentos de acusação – a vida de prostituta, a hipocrisia.

5. Tipo(s) de cómico usado(s):- Cómico de linguagem - "barqueiro mano, meus olhos"; "cuidais que trago piolhos?"- Cómico de carácter - "eu som apostolada...fiz cousas mui divinas".

6. Intenção de Gil Vicente ao criar esta personagem: crítica individualizada ou crítica de outros sectores da sociedade: - Gil Vicente faz crítica às alcoviteiras.Critica as outras classes nomeadamente o Clero.

7. O sentido da palavra alcoviteira na obra estudada e o que  tem actualmente:  O sentido da palavra alcoviteira na obra refere-se àquelas mulheres que exploravam sexualmente outras mulheres levando-as a prostituírem-se. Actualmente alcoviteira é a mulher que vive a falar mal das outras pessoas, a fazer intrigas.

O Parvo em Gil Vicente

O Parvo é convertido numa éspecie de comentador independente da acção, pondo à mostra, com os seus disparates, o ridículo das personagens convencidas do seu papel.
Em Gil Vicente, a função do Parvo não é apresentar-se a si próprio, nunca sendo observado pelo interesse que em si mesmo possa oferecer, mas tem como função criar efeitos cómicos, irresponsáveis e alheados de si.
Na Barca do Inferno, comenta as pretensões de alguns condenados.
O Parvo chega ao cais distinguindo-se dos outros mortos, pois considera a Barca do Diabo como sendo a Nave dos Loucos.
Durante a peça do Auto da Barca do Inferno, interfere diversas vezes, sendo constante característica a sua linguagem desbragada, que tanto é injuriosa como optimista, fazendo de si um ser louco, completamente à parte, liberto de regras e constrangimentos, em que a ordem não exerce qualquer tipo de poder.
Até o Diabo, com ele se sente impotente.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Análise global do Auto da Barca do Inferno

Auto da Barca do Inferno é uma complexa alegoria dramática de Gil Vicente, representada pela primeira vez em 1517. É a primeira parte da chamada trilogia das Barcas (sendo que a segunda e a terceira são respectivamente o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória).
Os especialistas classificam-na como moralidade, mesmo que muitas vezes se aproxime da farsa. Ela proporciona uma amostra do que era a sociedade lisboeta das décadas iniciais do século XVI, embora alguns dos assuntos que cobre sejam pertinentes na atualidade.
Diz-se "Barca do Inferno", porque quase todos os candidatos às duas barcas em cena – a do Inferno, com o seu Diabo, e a da Glória, com o Anjo – seguem na primeira. De facto, contudo, ela é muito mais o auto do julgamento das almas.

Estrutura

O auto não tem uma estrutura definida, não estando dividido em actos ou cenas, por isso para facilitar a sua leitura divide-se o auto em cenas à maneira clássica, de cada vez que entra uma nova personagem.


Resumo da Obra

A peça inicia-se num porto imaginário, onde se encontram as duas barcas, a Barca do Inferno, cuja tripulação é o Diabo e o seu Companheiro, e a Barca da Glória, tendo como tripulação um Anjo na proa.
Apresentam-se a julgamento as seguintes personagens:
um Fidalgo, D. Anrique;
um Onzeneiro;
um Sapateiro de nome Joanantão;
Joane, um Parvo;
um Frade cortesão, Frei Babriel, com a sua "dama" Florença;
Brísida Vaz, uma alcoviteira;
um Judeu usurário chamado Semifará;
um Corregedor e um Procurador, altos funcionários da Justiça;
um Enforcado;
quatro Cavaleiros que morreram a combater pela fé.

Cada personagem discute com o Diabo e com o Anjo para qual das barcas entrará. No final, só os Quatro Cavaleiros e o Parvo entram na Barca da Glória (embora este último permaneça toda a ação no cais, numa espécie de Purgatório), todos os outros rumam ao Inferno. O Parvo fica no cais, o que nos transmite a ideia de que era uma pessoa bastante simples e humilde, mas que havia pecado. O principal objectivo pelo qual  fica no cais é animar a cena e ajudar o Anjo a julgar as restantes personagens; é como que uma 2ª voz de Gil Vicente.


Sátira Social

Gil Vicente fez a análise impiedosa das moléstias que corroíam a sociedade em que viveu para propor um caminho decidido de transformação em relação ao presente.
Normalmente classificada como uma moralidade, muitas vezes ela aproxima-se da farsa; o que indubitavelmente fornece ao leitor/espectador é uma visão, ainda que parcelar, do que era a sociedade portuguesa do século XVI. Apesar de se intitular Auto da Barca do Inferno, ela é mais o auto do julgamento das almas.

Personagens

As personagens desta obra são divididas em dois grupos: as personagens alegóricas e as personagens – tipo. No primeiro grupo inserem-se o Anjo e o Diabo, representando respectivamente o Bem e o Mal, o Céu e o Inferno. Ao longo de toda a obra estas personagens são como que os «juízes» do julgamento das almas, tendo em conta os seus pecados e vida terrena. No segundo grupo inserem-se todas as restantes personagens do Auto, nomeadamente o Fidalgo, o Onzeneiro, o Sapateiro, o Parvo (Joane), o Frade, a Alcoviteira, o Judeu, o Corregedor e o Procurador e os Quatro Cavaleiros. Todos mantêm as suas características terrestres, o que as individualiza visual e linguisticamente, sendo quase sempre estas características sinal de corrupção.
Fazendo uma análise das personagens, cada uma representa uma classe social, ou uma determinada profissão ou mesmo um credo. À medida que estas personagens vão surgindo vemos que todas trazem elementos simbólicos, que representam a sua vida terrena e demonstram que não têm qualquer arrependimento dos seus pecados.

Humor

Surgem ao longo do auto três tipos de cómico: o de carácter, o de situação e o de linguagem. O cómico de carácter é aquele que é demonstrado pela personalidade da personagem, de que é exemplo o Parvo, que devido à sua pobreza de espírito não mede as suas palavras, não podendo ser responsabilizado pelos seus erros. O cómico de situação é o criado à volta de certa situação, de que é bom exemplo a cena do Fidalgo, em que este é gozado pelo Diabo, e o seu orgulho é pisado. Por fim, o cómico de linguagem é aquele que é proferido por certa personagem, de que são bons exemplos as falas do Diabo.

Auto da Barca do Inferno

Auto da barca do Inferno-Trabalho de Grupo – guião de trabalho

Grupo I – cena do Onzeneiro                 Grupo II- Sapateiro e Parvo
Ricardo e Roselyne                                Andreia, Cristiana, Neide
Data de apresentação: 3 Novembro       Data de apresentação: 6 Novembro

Grupo III – Frade e Alcoviteira             Grupo IV - Judeu
Cláudia, Olesya, Brian                          Alex, Flavius, Lincoln
Data de apresentação: 10 Novembro   Data de apresentação: 13 Novembro

Grupo V – Corregedor e Procurador     Grupo VI – Enforcado e Cavaleiros
Kerolyne e Anastasia                             Marco, João, Ruben, Yassine
Data de Apresentação: 17 Novembro    Data de apresentação: 20 Novembro

Vida e obre de Gil Vicente
Análise da(s) cena(s) PPT
Tipos de cómico
Recursos estilísticos
Caracterização de personagens
Símbolos e adereços caracterizadores da personagem / tipo social
Percurso cénico e destino da personagem
Resposta às questões do manual
Contextualização histórica da(s) personagem(ns) representada(s)

Dramatização da cena


BOM TRABALHO!
Docente: Delfina Vernuccio