sábado, 30 de janeiro de 2010

Critérios de classificação dos testes intermédios de Língua Portuguesa

http://www.gave.min-edu.pt/np3content/?newsId=9&fileName=LP_9_t1_criterios_2010.pdf
Já podem ser consultados os critérios de classificação dos testes intermédios através deste link...
Continuação de bom trabalho para todos!
A professora,
 Delfina Vernuccio

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Consílio dos Deuses I


A estrofe 19 corresponde ao início da narração, mas a armada encontra-se já no canal de Moçambique (narração in media res). A posição dos navegadores é estratégica, na medida em que os torna verdadeiramente descobridores. Até esse ponto, a descoberta já havia sido feita por Bartolomeu Dias.

Nas estrofes 20 e 21 a narração é interrompida e dá-se uma mudança de cenário (Olimpo) e de personagens (deuses). No Consílio comparecem todos os deuses da Antiguidade (tipicamente Renascentista, na medida em que se retoma a cultura clássica), vindos de toda a parte. São convocados para decidir o destino dos portugueses no Oriente.
Perífrase, a designar Mercúrio: "Pelo neto gentil do velho Atlante" - diz-se por muitas palavras o que se poderia dizer em poucas ou numa só.

As estrofes 22 e 23 correspondem à descrição e apresentação de Júpiter "sublime e dino"; "gesto alto, severo e soberano"; "coroa e ceptro rutilante"; tom de voz "grave e horrendo", bem como à descrição do Olimpo, cuja adjectivação, a par dos substantivos, nos remetem para um ambiente de riqueza e grandiosidade.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Proposta de correcção da ficha de avaliação - a Proposição


Conforme prometido e por uma questão de poupar o tempo lectivo, aqui vai a proposta de correcção. Continuação de bom trabalho!
A professora de Língua Portuguesa, Delfina Vernuccio

1.1. Os protagonistas são os portugueses, cujos feitos serão glorificados e imortalizados por Camões. Trata-se dos marinheiros, D. Manuel e D. João e dos membros do clero que auxiliaram a espalhar a fé cristã.

1.2. Os portugueses partiram para o desconhecido “Por mares nunca dantes navegados”, manifestando-se de uma força e coragem superiores à dos deuses “Mais do que prometia a força humana”. Conquistaram terras “...edificaram Novo Reino”, espalharam a fé cristã “...foram dilatando / a fé...” e tornaram-se imortais “Se vão da lei da Morte libertando...”
2.1. “Mais do que prometia a força humana” – coloca os portugueses ao nível dos deuses; “Cantando espalharei por toda a parte” – Camões irá imortalizar os portugueses através do seu poema épico.


2.2. - Os grandes heróis da Antiguidade, referidos em antigas epopeias ( A Odisseia e A Eneida) não significam nada perante a bravura do povo lusitano.

- Tudo o que foi registado em epopeias clássicas “... a Musa antiga...” não tem valor perante a grandiosidade dos portugueses: “Que outro valor mais alto se alevanta”.
3.1. “...o peito ilustre lusitano”.
3.2. Neptuno é o deus do mar e Marte o deus da Guerra: os portugueses distinguiram-se precisamente por serem grandes navegadores e pelos territórios conquistados.
3.3. “Que eu canto o peito ilustre lusitano”.
4. As estrofes são oitavas. Relativamente à métrica os versos são decassilábicos “As-ar-mas-e os-ba-rões-as-si-na-la”. A rima é cruzada e emparelhada: ABABABCC.
5. Trata-se de uma sinédoque, na medida em que se toma o todo (Portugal) pela parte “...a Ocidental praia Lusitana”.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A Proposição


Proposição - análise


Análise externa

O texto é constituído por três estrofes (oitavas); os versos são decassílabos com acentos na 6.ª e 10.ª sílabas: As-ar-mas-e os-ba-rões-as-si-na-la

Estes versos decassílabos, com acentos rítmicos na 6.ª e 10.ª sílabas, denominados versos heróicos, dão ao poema esse som alto e sublimado,  isto é, assinalam, no seu ritmo, um compasso de marcha guerreira.

A rima é cruzada e emparelhada, conforme o esquema rimático ABABABCC, esquema este que se repete invariavelmente em todas as estrofes do poema.

Existe rima consoante (assinalados/navegados); rima rica (Taprobana/humana); rima pobre (edificaram/sublimaram); rima feminina ou grave (parte/arte).

Análise interna:

O texto divide-se em duas partes lógicas, sendo a primeira constituída pelas duas primeiras estrofes e a segunda pela última estrofe.

Na primeira parte, o poeta pretende apresentar o assunto do poema: ele vai cantar as façanhas guerreiras dos homens ilustres que se fizeram heróis, devassando o mar desconhecido e fundando no Oriente um novo reino e também os Reis que dilataram a Fé e os Império na África e na Ásia e, por último, todos aqueles que por obras valorosas se tornaram imortais.

Na segunda parte, o poeta afirma que vai cantar a glória do povo português cujas façanhas ultrapassaram em valor as contadas nos poemas greco-romanos.

A intenção do poeta, na segunda parte do texto (terceira estrofe) é a de justificar a razão da sua epopeia: ele vai cantar os feitos grandiosos dos portugueses, porque merecem ser exaltados mais do que aqueles que foram cantados nas antigas epopeias ("Cesse tudo o que a Musa antiga canta / Que outro valor mais alto se alevanta"). Note-se que esta intenção do poeta realça, ao mesmo tempo, o ideal cavaleiresco de exaltação dos que dilataram a Fé e o Império, e a consciência do homem renascentista que se julgava, mais do que em alguma outra época antiga, capaz de realizar os maiores feitos. Ninguém, até esta altura, tinha considerado o homem tão poderoso, física e intelectualmente: nunca, como no Renascimento, o homem se aproximou tanto dos deuses.

Formas periferásticas:

- foram dilatando;

- andaram devastando;

- se vão libertando.

Estas três formas perifrásticas exprimem, em primeiro lugar, o aspecto durativo, apresentam a acção no seu fluir, no seu realizar-se gradualmente. São, portanto, expressões que conferem visualidade e impressionismo à linguagem. Sugerem também que esses feitos heróicos são trabalho não apenas de alguns dias, mas de um percurso  persistente. Além disso, o facto de o poeta usar primeiro o passado (foram dilatando, andaram devastando) e depois o presente (se vão da lei da morte libertando) revela-nos que ele canta não apenas os heróis do passado, mas também os do presente e do futuro (os que se vão da lei da morte libertando). O poeta canta, portanto, a alma de uma pátria que foi, é e será.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Estrutura interna e externa de Os Lusíadas

Estrutura interna
Camões respeitou com bastante fidelidade a estrutura clássica da epopeia. N’ Os Lusíadas são claramente identificáveis quatro partes:

Proposição — O poeta começa por declarar aquilo que se propõe fazer, indicando de forma sucinta o assunto da sua narrativa; propõe-se, afinal, tornar conhecidos os navegadores que tornaram possível o império português no oriente, os reis que promoveram a expansão da fé e do império, bem como todos aqueles que se tornam dignos de admiração pelos seus feitos.

Invocação — O poeta dirige-se às Tágides (ninfas do Tejo), para lhes pedir o estilo e eloquência necessários à execução da sua obra; um assunto tão grandioso exigia um estilo elevado, uma eloquência superior; daí a necessidade de solicitar o auxílio das entidades protectoras dos artistas.

Dedicatória — É a parte em que o poeta oferece a sua obra ao rei D. Sebastião. A dedicatória não fazia parte da estrutura das epopeias primitivas; trata-se de uma inovação posterior, que reflecte o estatuto do artista, intelectualmente superior, mas social e economicamente dependente de um mecenas, um protector.

Narração — Constitui o núcleo fundamental da epopeia. Aqui, o poeta procura concretizar aquilo que se propôs fazer na “proposição”.


Estrutura externa
Os Lusíadas estão divididos em dez cantos, cada um deles com um número variável de estrofes, que, no total, somam 1102. Essas estrofes são todas oitavas de decassílabos heróicos, obedecendo ao esquema rimático “abababcc” (rimas cruzadas, nos seis primeiros versos, e emparelhada, nos dois últimos).

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O género épico


Características da epopeia


» Remonta à Antiguidade grega e latina

» Tem como expoentes máximos a Ilíada e Odisseia (Homero) e Eneida (Virgílio)

» Normas:

o Grandeza e solenidade, expressão do heroísmo

o Protagonista: alta estirpe social e grande valor moral

o Início da narração in medias res

o Unidade de acção, com recurso a episódios retrospectivos e proféticos (analepse e prolepse)

o Os episódios dão extensão e riqueza à acção, sem lhe quebrar a unidade

o Maravilhoso: Os deuses devem intervir na acção

o Modo narrativo: o poeta narra em seu nome ou assumindo personalidades diversas

o Intervenção do poeta: reduzidas reflexões em seu nome

o Estilo solene e grandioso, com verso decassilábico

Breve biografia de Luís Vaz de Camões


Luís de Camões


» Nasce por volta de 1525

» Sem documentação da educação (presumivelmente em Coimbra)

» 1549-1551: expedição ao Norte de África, onde perde o olho direito

» Na sequência de uma briga é preso. Pede perdão ao Rei, é libertado e enviado para serviço militar na Índia

» Preso na Índia por dívidas

» Teve um naufrágio, salvando-se a nado com o manuscrito d’Os Lusíadas

» Vasta obra lírica: canções, sonetos e redondilhas. Três comédias

» Morre a 10 Junho 1580. No terceiro centenário é-lhe erguida estátua em Lisboa