terça-feira, 27 de outubro de 2009

À sombra de Olesya...

A minha sombra fazia parte de mim... acompanhava-me durante os dias de sol, mas à noite desaparecia, evaporava, perdia-se no negro da noite...e de manhã voltava para viver mais um dia ao meu lado.

Durante o Inverno adoeci. Não pude ir à escola, saír à rua, brincar na neve. Limitava-me a ficar na cama desde o momento em que acordava até voltar a adormecer. Foi assim durante duas semanas. Quando recuperei e voltei à vida normal, senti algo diferente... uma estranheza invadia-me o corpo, um vazio perseguia-me... não sabia o que era, até que um dia em que as nuvens deram lugar ao sol descobri! Descobri a razão do vazio... era a minha sombra! Ela já não estava à minha direita, nem à minha esquerda, nem à minha frente, nem atrás de mim, dependendo da posição do sol. Será que se tinha cansado de estar à minha espera ou ter-se-ia perdido no infinito da minha gripe? Ou talvez ainda estivesse a recuperar, também ela, da doença.

Esperei... o Inverno passou , depois a Primavera e, chegado o Verão, a sombra não aparecia. Foi aí que cheguei à conclusão de que as sombras são traiçoeiras... Não suportam ficar à espera. Mas então e eu? Eu, que esperara por ela a noite toda? É injusto!

As sombras desaparecem, vão procurar outro alguém para acompanhar, encarnar a nova forma, imitar os novos movimentos... Perdi a minha sombra e não a perdoarei, mas ficarei à espera que outra sombra me encontre e me acompanhe...



Olesya Lychuk, a propósito do livro O Homem sem Sombra

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