quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Canto III - episódio de Inês de Castro

A - Considerações gerais sobre o episódio
Apesar de ser um episódio pertencente ao Plano da História de Portugal, não se trata de um episódio épico, mas sim de um episódio trágico e lírico.
Trágico - porque contempla momentos característicos de uma tragédia clássica:
- a paixão entre Pedro e Inês é um desafio ao poder real por Inês representar um perigo para o reino;
- a punição, a decisão de matar Inês;
- a piedade, presente no discurso de Inês quando tenta demover o rei;
- a catástrofe, quando se consuma a morte de Inês.
Lírico - porque o narrador interpela o Amor, acusando-o de ser responsável pela tragédia, sendo a inconformidade do "eu" poético expressa ao longo de todo o episódio, bem como a repulsa pela morte trágica de Inês, chorada até pela natureza.

B - Estrutura do episódio:
Estrofes 118-119: Considerações iniciais do narrador. Vasco da Gama relata ao rei de Melinde o episódio trágico de Inês de Castro, cujo responsável é o Amor, causador da morte de Inês.

120-121: A felicidade de Inês. Inês vivia tranquilamente nos campos do Mondego, rodeada por uma natureza alegre e amena, recordando a felicidade vivida com D. Pedro. O narrador, no entanto, vai introduzindo indícios de que essa felicidade não será duradoura e terá um fim cruel.

122-125: Condenação de Inês. D. Afonso IV, vendo que não conseguia casar o filho em conformidade com as necessidades do reino, decide pela morte de Inês. Os algozes trazem-na perante o rei. Este vacila, apiedado, mas as razões do reino (povo) levam-no a prosseguir.

126-129: Discurso de Inês. Inês inicia a sua defesa, apelando à piedade do rei através: do exemplo das feras e aves de rapina que se humanizam ao cuidarem de crianças indefesas; da afirmação da sua inocência; do respeito devido às crianças ( seus filhos, netos de D. Afonso IV); do apelo ao desterro.

130-132: Sentença e execução da morte. O rei mostra-se sensibilizado mas, uma vez mais, as razões do reino e os murmúrios do povo são mais fortes e a sua determinação mantém-se. Inês é executada.

133-135: Considerações finais do narrador. O narrador repudia a morte de Inês, que compara à da própria natureza. As lágrimas das ninfas do Mondego fazem nascer a Fonte dos Amores, eternizando esta tragédia.

136-137: Vingança de D. Pedro. Quando D. Pedro sobe ao trono, concretiza a vingança, mandando matar os carrascos de Inês.

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